31 de dezembro de 2014

URUBICI E O MORRO DA IGREJA

         
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 URUBICI E O MORRO DA IGREJA 
 O ponto habitado mais alto do sul do Brasil 
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Morro da igreja, 1822 metros de altitude, o ponto habitado mais alto da região sul do Brasil
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FOTOS DE KHEILA AMORIM ESPINDOLA. Clique nelas para melhor visualizá-las.
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POR RAMADAN PEREIRA ESPINDOLA
Professor de Kung fu/Wushu Shaolin do Norte da Associação Hasse de Cultura Oriental e Artes Marciais
Bacharel em Biblioteconomia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Formado em Administração pela  Faculdade Borges de Mendonça
Um passeio para descanso durante o recesso entre o natal e o início do ano de 2015 encerraram a grandiosa temporada 2014 do nosso ilustre portal. Nesse curto período de fechamento das cortinas, nossa brava equipe aproveitou alguns desses últimos dias bem no interior do município de Rio do Sul, Estado de Santa Catarina (SC), trafegando por estradas de chão batido que cortam imensas terras com fazendas, plantações e criações de gado. A saborosa comida típica, galinha caipira ensopada com aipim cozido e polenta, fizeram parte do nosso último dia de degustação nessa cidade. No início de um domingo, deixamos essa importante região do Vale do Itajaí, famosa pelas grandes cheias do extenso Rio Itajaí-Açu que nas últimas décadas proporcionou trágicas enchentes que entraram para história do estado catarinense. Diferentes dos dias anteriores, essa esperada manhã de final de semana nos presenteou com o melhor céu dos últimos cinco dias, com poucas nuvens e ameaças de chuvas, muito propício para buscar belas vistas panorâmicas nos picos mais elevados de Santa Catarina. Na verdade, o objetivo dessa aventura surgiu de forma repentina. O intuito nesse fechamento de atividades era chegar ao ponto habitado mais alto da região sul do Brasil, e ele fica em território catarinense. Trata-se do famoso MORRO DA IGREJA, localizado em outra interessante região do estado, a meio oeste catarinense, no município serrano de URUBICI/SC. Depois desceríamos pela célebre Serra do Corvo Branco. Para chegar a esse cobiçado lugar, dirigimos por Ituporanga/SC até a cidade de Alfredo Wagner/SC. Ingressamos na Rodovia Federal BR-282 em direção ao pacato município de Bom Retiro/SC que faz divisa com nosso destino. Depois acessamos a Rodovia Estadual SC-416, conduzindo pela Serra do Panelão que tem como principal característica suas dezenas de curvas perigosas que não deixam ninguém acelerar a mais de 50 quilômetros por hora. 
Enfim, chegamos na pequena Urubici, que em todos os rigorosos invernos, é enfeitada pela neve e excessivamente gelada. Próximo ao meio dia, temperaturas acima de 30 graus, e lentamente trafegamos pelas calmas ruas do centro que tem suas sinaleiras desligadas aos domingos. Fomos atrás de informações turísticas, principalmente dos locais a serem visitados. Notamos que, apesar da humildade de seus habitantes e a tranquilidade, a cidade é muito bem estruturada em relação a outras cidades do interior. E, sinceramente, me arrisco a dizer que outros municípios mais habitados, próximos até de grandes metrópoles, perdem em estrutura turística. Bons restaurantes e diversas opções de hotelaria estão distribuídos pela pequena área central de Urubici. Conversando com diversos nativos da região, recebemos um alerta inesperado que provocou uma indesejada baixa, muito lamentada em nosso roteiro: a Serra do Corvo Branco estava interditada para melhorias em sua pavimentação. Por motivo de segurança, os responsáveis por essa manutenção, bloquearam sem dó e sem piedade a estrada impossibilitando a descida e subida, pois muitos veículos atolaram por lá nos últimas semanas. Mesmo tendo enorme bom senso, isso foi uma tijolada maciça contra nossa equipe. Pois nossa intenção, quando retornaríamos da visitação ao célebre Morro da Igreja, era descermos a serra até o município de GRÃO PARÁ/SC e ANITAPÓLIS/SC e reencontrar a Rodovia Federal BR-282 que nos levaria para casa em São José/SC. 
Então, para curar de forma amenizadora essa maldita decepção, nossa tarde de super-domingo, iniciou com um delicioso almoço num bom restaurante de comida caseira e, depois sem muito descansar o corpo e a mente, se resumiu na busca pelo Morro da Igreja e seus belos, assim chamados, atrativos no percurso. Olha gente, não é difícil chegar até lá, mas também não é fácil, o termo certo é muito "enjoado", e é de 'encher o saco'. Vou dizer que a única parte simples dessa desejada busca foi conseguir a permissão de entrada, cedida sem custos pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), situado no centrinho da cidade. Até aí, beleza pura!! É barbada!! Todo mundo consegue cumprir o longo trajeto que é em grande parte empinado. Vi muitos ciclistas equipados, aguerridos e audaciosos antes, durante e no momento que lá cheguei. Até mesmo motocicletas com menos de 100 cilindradas devagarinho chegam ao final. Não tivemos problemas até o término, mesmo forçando o motor de um veículo 1.0. O único susto inesperado, foi quando quase atropelei um lagarto folgado atravessando placidamente a estrada. São mais de 25 quilômetros de subida trafegando na velocidade de 40 quilômetros por hora, revezando entre primeira a terceira marcha e vice-versa, num asfalto vagabundo "da poxa" que somente um habitante de São José/SC, como eu, tem propriedade de sobra para avaliar. 
Sou testemunha da época em que esse município da região da Grande Florianópolis/SC foi governado pelos irmãos Berger e seus sucessores. Entretanto, como já participei de buscas em caminhos bem mais precários como no ano de 2011, na estrada que leva até o distante parque Aparados da Serra, em Praia Grande/SC, nem farei questão de continuar narrando em profunda lamentação. Procurar o Itambezinho, isso sim, é um desafio que afrouxa e desregula todos os componentes dos veículos. A péssima camada asfáltica que leva até o Morro da Igreja de Urubici termina num portão da Aeronáutica e de serviços meteorológicos que impede o andamento (ver segunda imagem dessa matéria). O curioso lugar recebe bastante visitantes de diversas regiões do Brasil e de outros países. A entrada de veículos nesse pico é controlada, pois o espaço para fazer o retorno é bastante curta e limitada. Por isso apenas duzentos veículos podem subir diariamente, o que justifica a real necessidade da autorização do ICMBio. Sem esse essencial e bendito controle, ninguém sobe, e se não fosse criado, muitos carros seriam obrigados a descer a íngreme morreba em marcha ré, ou seja, perigoso para caramba. Fora a elevada altitude que provoca uma pequena dorzinha de cabeça nas pessoas, e a extraordinária vista panorâmica em 360 graus, a Pedra furada é a principal atração dos visitantes (ver quarta imagem acima, observar detalhe circulado em branco), sendo a principal alvo das máquinas fotográficas e aparelhos celulares. Pouco menos de trinta minutos de nossa permanência no pico, aos poucos o temperatura se transformou. O céu escureceu, uma brisa gelada foi sentida, nuvens negras começavam a se formar ligeiramente. Uma chuva podendo ser visualizada a olho nu a quilômetros dali (conforme terceira imagem dessa postagem, ver detalhe circulado em preto), chegou aproximadamente dez minutos depois, e foi aquele péssimo anfitrião estraga-prazeres que obrigou a nos despedirmos do local. Descemos com pingos de chuva no para-brisas, até o acesso para Cachoeira Véu de Noiva (ver imagem acima, ao lado esquerdo). Lá, mesmo com uma chuva ainda em baixa intensidade, estava bastante calor. Após isso, um sorvete de brigadeiro trouxe um refresco ao corpo. Inconformados por não prosseguirmos pela interditada Serra do Corvo Branco, retornamos ao centro por volta das quinze horas. 
Logo, conhecemos um pouquinho da Catedral da cidade, que possui uma bela arquitetura interna, mais moderna e diferenciada que outras igrejas já visitadas por mim. Em seguida, o jeito foi irmos embora para casa pelo mesmo caminho que nos trouxe a esse município, encarando novamente, dessa vez com muita cautela, as curvas da Serra do Panelão que começara a ser atingida por uma uma violentíssima chuva torrencial. O índice pluviométrico nesse momento trouxe muita preocupação a nossa equipe. Muita água desabava e acumulava no asfalto, e nos obrigou a trafegar com muita paciência. Faróis dos veículos acesos, piscas-alertas ligados, e muito cuidado na hora de frear os eixos. Só não paramos na estrada sinuosa pois não há lugar propício para isso. Com menor intensidade, a precipitação nos acompanhou até a divisa com Rancho Queimado, já na BR-282, onde paramos para fazer um lanche e nos atualizarmos com as notícias da internet.
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