.
OS PERUANOS, SEGUNDO BIBLIORAM - PARTE 1 LIMA, seus distritos, e o patriotismo nas ruas
.
No alto do Distrito de Miraflores, de frente para águas geladas do Oceano Pacífico
.
FOTOS DE KHEILA AMORIM ESPINDOLA. Clique nelas para melhor visualizá-las.
.
POR RAMADAN PEREIRA ESPINDOLA
Professor de Kung fu/Wushu Shaolin do Norte da Associação Hasse de Cultura
Oriental e Artes Marciais
Bacharel em Biblioteconomia da Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC)
Formado em Administração pela
Faculdade Borges de Mendonça
Prezado leitor, começa a partir de agora a primeira de várias matérias de um super desafio que despertou a curiosidade da corajosa equipe Biblioram. Essa mais recente saga foi intitulada como "Os peruanos, segundo Biblioram" e contará semanalmente como foi a passagem de dez dias de nosso portal a um importante país da América do Sul, o PERU. E começa nas próximas frases a esperada primeira parte. Depois de um grande mal-entendido para localizar nosso bendito local de check-in no Aeroporto Internacional de Guarulhos, Estado de São Paulo (SP), o voo decolou lamentavelmente com quarenta minutos de atraso, em direção a província de LIMA. A viagem aérea durou exatamente cinco horas até o Aeroporto Internacional Jorge Chavez, em CALLAO, província vizinha a capital peruana. Desembarcamos tranquilos, e por recomendação de pessoas especializadas em turismo e conversões de moedas, ali mesmo no aeroporto (local onde há mais segurança na troca de moedas estrangeiras, principalmente o dólar americano) vendi meus valorizados dólares adquiridos no Brasil para comprar a popular 'nuevo sol', moeda peruana em vigor. Por causa do fuso horário atrasado, chegamos no hotel muito cedo, as 10:30 horas no horário desse país. Nesse caso, no Brasil seria 12:30 horas, ou seja duas horas mais tarde. Só podíamos dar entrada na hospedagem após as 13 horas. Então, decidimos deixar nossas poucas bagagens no depósito da estadia, para que pudéssemos ganhar mais tempo explorando um pouco de alguns interessantes distritos de Lima. Antes de continuar abordando essa aguardada fase inicial em território peruano, é essencial explicar a questão dos distritos. Eles são como prefeituras municipais no Brasil, e possuem administradores chamados de 'Alcaldes'. Estes tem o poder de prefeitos e são eleitos pelo povo.
Aliás, nesses dias que estivemos nessa ampla nação, as campanhas eleitorais estavam tomando conta das ruas de todo o país, pois em outubro seguinte serão eleitos por voto popular os 'Alcades' de cada distrito. Retomando meu relato, o que pude perceber nas ruas, residências e prédios desses distritos, é o enorme sentimento de patriotismo exposto nas bandeiras de cores vermelha e branca hasteadas com orgulho. A cada esquina, essa enjoada presença é muito marcante (ver imagem acima, ao lado esquerdo), o que me fez lembrar há quatro anos atrás quando estive na terra de nossos hermanos, a Argentina. Para minha tristeza, no Brasil, nunca vi uma expressiva demonstração de amor a pátria que não fosse em época de Copa do mundo de Futebol, ou outro expressivo evento esportivo. Outro ponto positivo é a demasiada simpatia do povo peruano em querer ajudar as pessoas, e a paciência deles com os estrangeiros é uma qualidade elogiável. São simples, simpáticos e receptivos. Para se deslocar em Lima, a melhor opção de transporte é o táxi, e se estiverem em companhia de duas ou mais pessoas, praticamente é possível percorrer a toda a grande província sem gastar muito dinheiro, e foi assim que se movemos nessa capital do país. Utilizamos um desses transportes para irmos até o Distrito de SAN IZIDRO, centro financeiro Lima. Os ônibus são uma opção muito mais barata, todavia, além de precários, grande parte deles em circulação, são desconfortáveis e lentos demais. Nesse distrito, visitamos a sede da Peru Soka Gakkai Internacional - PSGI - (ver imagem acima), um organização budista fundada no Japão.
Durante o percurso, num trânsito lento em algumas vias, pude escutar no rádio do táxi, um relaxante para os ouvidos de qualquer simpatizante do estilo rock n' roll, 'Let it be' uma das canções de maior sucesso da lendária banda de Liverpool, os Beatles, na voz de Paul Mccartney. A partir desse momento, comecei a notar e admirar o excelente gosto musical dos peruanos. Na PSGI, encontramos vários membros nativos e até uma acolhedora turista praticante que chegara há alguns dias do Japão. Quase uma hora depois, deixamos o local, e adiante, próximo ao prédio da embaixada tailandesa, as calçadas das ruas cedem seu espaço para muitas árvores, e algumas que chamam muita a atenção pelo seu enorme tamanho (ver imagem acima). Na mesma rua, entramos num amplo supermercado com cafeteria e restaurante, onde fizemos nossa primeira e necessária refeição em solo estrangeiro. Percebi que nesses tipos de estabelecimentos comerciais dessa parte da província, são praticados alguns cuidados na higiene e organização dos produtos. Os 'panes', conhecidos popularmente por nós brasileiros como 'pães', são diversos e bem mais saborosos e macios, tanto que é possível comê-los sem nenhuma pasta ou creme.
Apesar do trânsito caótico e congestionado por motociclistas - em sua maioria sem capacetes - muitos outros automóveis antigos, deteriorados, e sem condições de circular pelas ruas, notá-se que Lima não está completamente com as portas fechadas para o mundo e a globalização. Quando eu almoçava, observei algumas franquias do Burger King, Pizza hut e Mcdonalds e outras que ainda, acredito, nem se estabeleceram no Brasil, como a peruana Bembos, que na minha opinião é melhor que as três anteriormente citadas. Todas presentes a poucos metros entre elas. Após isso, andamos por mais de duas horas até o MIRAFLORES, Distrito onde está situado o hotel onde nos hospedamos. Foram alguns quilômetros de caminhada agradável, até mais do que prevíamos, tendo como principal vista o Oceano Pacífico (ver imagem de abertura dessa matéria). Sobre esse mar grosso, mesmo na época de verão intenso, não é propício para banhistas, em virtude da baixa temperatura dessas águas. Apenas os 'colhões roxos' como pescadores e surfistas com suas roupas especiais tem coragem de desafiá-lo. De San Izidro até Miraflores há dezenas de espaços abertos e vastos parques gramados com muitos ambientes de lazer para todos os públicos, entre eles: quadras esportivas, parques de diversão e mirantes para voos de parapentes.
Além de lanchonetes, bancas de revistas, pontos de informações e pistas de skates, é possível acessar a Internet gratuitamente sem precisar realizar qualquer tipo de cadastro. É conectar, sem senha e acessar! Esse serviço fundamental nos dias atuais, presente nos principais espaços públicos da cidade, e no caso do Miraflores, dividindo espaço com a presença de muitas espécies de árvores e disponível há centenas de metros acima do nível do mar. Realmente, Lima não está fechada para o mundo, aliás em alguns fatores até arregaçada em excesso. No dia seguinte, logo pela amanhã, notamos um animal - que não foi possível identificar com precisão, mais parecia ser uma espécie de macaquinho - andado pelos fios e postes da Avenida José Larco. Depois continuamos nosso caminhada até uma feira de artesanato muito indicada aos turistas, e descobrimos o que significa a sempre presente 'Zona de Seguridad' (ver imagem acima). Trata-se de um lugar mais seguro para as pessoas procurarem em momentos de ocorrências de abalos sísmicos, ou na pior da hipóteses, terremotos em alta escala. Essas marcações de "segurança" estão indicadas em inúmeras partes de todas as cidades do país, principalmente em estabelecimentos fechados e espaços abertos.
Essa nação sul-americana tem um histórico de terremotos, sendo o último e mais devastador ocorrido no inesquecível ano de 1974, segundo informações de nossos guias. Depois nos dirigimos a procura da segunda e a mais Moderna Biblioteca Nacional do Peru, e pela primeira vez tivemos um pouco mais de acesso a esse tipo de unidade de informação federal. Ao lado dessa instituição está situado o grande edifício do Ministério da Cultura, onde fotos chocantes e históricas, que revelam os trágicos resultados de um movimento terrorista ocorrido entre os anos de 1980 a 2000, estavam sendo expostas no Museu de La Nácion (acima, uma delas). Das janelas desse mesmo prédio, há uma bela imagem, que não faz parte dessa elogiável exposição fotográfica. Trata-se da visão do edifício do Ministério da Educação, a poucas quadras dali, que chama bastante atenção pelo sua arquitetura muito sugestiva e inovadora que representa o formato de livros empilhados (ver imagem ao lado esquerdo). Por falta de tempo não fomos visitá-lo. Durante a tarde, nos dirigimos até a Casa Aliaga com seus móveis e quadros antigos, e depois no arquitetonicamente belo Palácio Presidencial, residência oficial do Presidente da República. Não conseguimos nos aproximar de seus altos portões de ferro, pois a Plaza maior, localizada em frente, considerada como o quintal do palácio, estava cercada por forte esquema de segurança, que previu indícios de uma ameaça manifestação popular que supostamente ocorreria. Munidos até com tanques negros da guarda nacional (ver imagem abaixo), o ambiente entre população curiosa e policiais preparados era um pouco tenso. Mesmo com essa preocupação, nos mantivemos nas proximidades, e visitamos a famosa Catedral de Lima e, ao lado, o ponto mais marcante desses primeiros dias na província: uma extraordinária biblioteca com aparência antiga nas dependências internas do Monastério de San Francisco de Assis, da qual fui impedido de fotografá-las.
Regra que me fez lamentar por muitos dias, pois nunca observei uma unidade de informação como esta. Para ter noção do que quero narrar, até a poeiras nos livros e nas estantes pareciam estar preservadas e intactas. Infelizmente, essas raras e magníficas imagens estão apenas gravadas na minha memória. No subterrâneo desse lugar, onde presenciei alguns claustrofóbicos come medo de entrar, há criptas, algo que amenizou minha depressão, onde constam incontáveis ossadas e crânios humanos organizados num fundo de um poço. Mesmo proibidos, conseguimos fotografá-los sem que notassem (ver imagem abaixo). Na madrugada seguinte, já estávamos com as bagagens prontas para seguirmos até a cidade de CUSCO, capital da província de mesmo nome. Uma realidade social bem diferente da capital peruana que será contada nas próximas matérias. Não deixem de acompanhar o blog. Todavia, nossa jornada em Lima ainda não tinha terminado, pois oito dias depois, retornamos para uma longa e exaustiva conexão que nos levou ao Aeroporto de Guarulhos/SP. Até o embarque de nosso voo no Aeroporto Jorge Chavez, seria uma espera de onze duradouras horas, ou seja, metade de um dia. Um desperdício de tempo, e pensando de outra forma, até desumano ficarmos no aeroporto aguardando, sem o mínimo conforto. Quando falo em 'mínimo', e formalizo aqui uma reclamação aos administradores, é que nesse aeroporto não há assentos de espera para os usuários, nem bebedouros de água, e muito menos tomadas elétricas, bem diferente de Guarulhos, que possui até acesso gratuito a internet.
Isso é lastimavelmente inadmissível, para um aeroporto internacional. Por causa disso, e observando centenas de pessoas entregues ao cansaço nos corredores parecendo moradores de rua, ficou difícil de me juntar a eles assim tão cedo e por tanto tempo. Então, indaguei em meus pensamentos: o que não tínhamos conhecido em Lima durante nossos primeiros dias? Lembrei de dias atrás, quando acabara de pisar na cidade de Cusco, o amigo e músico Marcelo Peixoto, baterista da extinta banda OsBerbigão, me sugeriu por uma rede social a ida ao Museu do Ouro. Foi então que efetuei, uma ligeira pesquisa pela internet para conseguir endereço, contatos, valores de ingressos e outras informações cabíveis para adentrar nessa instituição. Coloquei a localização na mão de um taxista que me levou até lá pelo trânsito intenso de Callao até a capital. O fantástico museu está localizado no distrito de SURCO, no Bairro Monterrico. Para minha surpresa, felizmente, as portas de entrada, o 'carro abre-alas' dessa instituição, é de outra, o Museu das armas del mundo, que comporta o maior acervo de armamentos antigos e derivados que já pude ver com meus olhos.
Na minha opinião, essa instituição é mais interessante que o Museu do Ouro, que também não merece ser desmerecido. Nesses locais, que pertencem a Fundação Miguel Mujica Gallo (imagem ao lado), ficamos um pouco mais de uma hora e meia. É impossível ficar menos tempo do que isso, acredito até que permaneci pouco apreciando suas repletas salas de acervo que parecem um labirinto. Depois da visitação, retornamos ao aeroporto de Callao, e pelo caminho, notamos a grandeza da embaixada dos Estados Unidos da América (EUA). Chegando nas redondezas do aeroporto, após sairmos do táxi que nos conduziu, e pagarmos a corrida, o taxista foi abordado por policiais militares peruanos num dos portões de entrada. Em todo o Peru, há uma grande informalidade nos serviços de táxis, tanto que a maioria dos taxistas não utilizam o aparelho de taxímetro em seus carros de trabalho. A cobrança pelas corridas são negociadas antes da entrada do usuário no veículo. Nos locais como rodoviárias e aeroportos, por exemplo, apenas alguns desses condutores tem permissões para ali permanecerem e exercerem suas atividades. Os não autorizados podem até entrar, desde que não sejam notados pelas autoridades fiscalizadoras ou dedurados por seus concorrentes. E esse foi o motivo da necessária, porém, exagerada abordagem policial. Entramos no aeroporto cinco horas antes da nossa conexão, e dividimos espaço com outras pessoas cansadas e sentadas num dos extensos corredores do piso superior. ......... continua ..... na segunda parte é a vez de CUSCO. Não deixem de acompanhar.
Imagem interna de uma das salas de acervo do Museu das Armas del Mundo
.
CLIQUE nessas logomarcas e seja MAIS um SEGUIDOR Biblioram
PARCEIROS BIBLIORAM:
Ajude a DIVULGAR o Biblioram. A HTML está abaixo. É só copiar e colar.
.
Seu COMENTÁRIO é muito importante. CLIQUE abaixo e dê sua opinião.
.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário