7 de outubro de 2014

OS PERUANOS SEGUNDO BIBLIORAM

         
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 OS PERUANOS, SEGUNDO BIBLIORAM - PARTE 8 
 A humildade de um povo receptivo 
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FOTOS DE KHEILA AMORIM ESPINDOLA. Clique nelas para melhor visualizá-las.
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POR RAMADAN PEREIRA ESPINDOLA
Professor de Kung fu/Wushu Shaolin do Norte da Associação Hasse de Cultura Oriental e Artes Marciais
Bacharel em Biblioteconomia da Universidade Fedederal de Santa Catarina (UFSC)
Formado em Administração pela  Faculdade Borges de Mendonça
A síntese final  da nossa saga mais recente: OS PERUANOS, SEGUNDO BIBLORAM, será abordada nas próximas frases. Esse capítulo derradeiro trata-se de parte da história praticamente não contada por completo nos últimos sete capítulos. Geralmente nas fases terminais dessas aventuras vividas pelo blog, os pontos negativos são mais levados em consideração do que os positivos, que dominaram o conteúdo das postagens anteriores. Salientando que esse ilustre portal, há anos vem dissertando grandes experiências de vida sem levar em conta influências externas e sensacionalismo barato. Com base nisso, EU, relator dessa sensacional saga, falo o que vejo e o que senti durante esse período de aventura. Independente dos fatores ruins que a seguir serão criticados com muita honestidade, eu, em nome desse portal de informação, deixo bem claro que essa fantástica permanência de nove dias nesse maravilhoso país sul-americano, o PERU, foi uma das mais extraordinárias experiências vividas por mim e por minha corajosa equipe. Faço questão de expressar minha sinceridade nessas poucas palavras, pois conheci parte de uma população bastante guerreira, simpática, receptiva e acostumada a se equilibrar em suas explícitas limitações sociais. Como em qualquer país desse mundo de infinitas culturas e tradições, sendo elas toleráveis ou absurdas a consciência humana, há proporções superiores ou inferiores referente a socialização dos povos. Além da temida altitude em relação ao nível do mar que em algumas cidades alcançam 4500 metros, há muita desigualdade social na nação peruana. E isso ficou muito claro diante dos fatos testemunhados, no momento em que deixamos a bela capital da nação, província de LIMA, para darmos andamento a planejada saga que continuou em Cusco, com término em Puno. A partir dessa migração, surgiram diante de meus olhos regiões mais carentes, precárias e, acredito até em virtude de um certo conformismo intolerável por parte de sua gente que, de uma forma ou de outra, aceitam o esquecimento dos poderosos governantes. Pois, parte da minha intrometida indagação é justamente direcionada aos peruanos, povo que manteve sua etnia com características faciais indígenas. Como pessoas que vivem nesse país, que possui uma rica história de manifestações contra um marcante poderio opressivo, pode ficar omisso diante das dificuldades? Seria a acomodação e a extinção de lideranças contrárias a política do atual governo, o perfil padrão dos países componentes da América do Sul? 
Nesse aspecto, como sou brasileiro me sinto obrigado a comparar esse país ao nosso querido Brasil. Pois, há tempos o mumificado 'gigante estava adormecido' e voltou recentemente, velho, com barba branca, dor nas costas, usando fraldas e apoiando-se em bengala, e mal conseguindo falar, e por isso teve que voltar para o leito e cochilar. Ah! O Peru também tem um pouco desse perfil, e basta ver como suas cidades são mal administradas. Quem diria, a procurada por curiosos de todo o planeta terra, a famosa e espetacular MACHU PICCHU, considerada uma das sete belas maravilhas desse mundo, e assim sendo geradora de arrecadação bastante significativa aos cofres públicos peruanos, tem uma área urbana, que é nada mais nada menos, formada por conjuntos de favelas. Mesmo na extensa província de LIMA, basta migrar do paraíso da bem cuidada cidade de Miraflores até Pisco, e nota-se uma agressiva mudança de ambiente visual representada pela diferença nas moradias e limpeza das movimentadas ruas e canais. Comparando essas duas últimas citadas com outras cidades do interior como Cusco, Pisac e Puno, o visual urbano se transforma de forma mais violentamente ainda. Peraí, fala sério, que estupidez e ignorância de minha parte fazer uma comparação tão extrema, mas já que comecei tenho que prosseguir. 
O impacto social é estrondoso entre as cidades, e no caso das menores e mais rejeitadas pelo governo como Huaro e Pukara, não há acareação mínima a ser feita, pois vivem em meio a disseminada pobreza e a poeira irritante das muitas ruas não pavimentadas. Basta um enganoso período eleitoral para iludir a população, como esse de 2014, para que algo, e muito pouco diga-se a verdade, comece a ser realizado a passos de jabuti. Isso mesmo, para consolo de nós brasileiros, a política corrupta, enganosa e despreocupante, é semelhante em toda parte do mundo, independente de nação ou partido que toma o poder. Apesar disso, o povo peruano com sua meiga aparência indígena, são receptivos, atenciosos e alegres, e demonstram amar sua adorada pátria hasteando orgulhosamente a bandeira vermelha e branca do país por todos os lugares. Essas pessoas, pobres em sua maioria, se acostumaram a viver desse jeito e ritmo, e parecem ser tolerantes, exceto ao dirigirem um veículo velho pelas ruas, quando incorporam o lado mais negro da impaciência posteriormente desabafada pelo excesso de buzinaços ensurdecedores. Um pouco dessa culpa não assumida, o que não justifica, é destinada a um trânsito caótico, fantasma das principais metrópoles mundiais. Com muitos veículos circulando, há a certeza, e não precisa ser especialista para afirmar, que não há uma política inovadora de mobilidade urbana que valoriza os transportes coletivos dos principais centros do país. Ao contrario do Brasil, que deixou os trilhos enferrujarem solitariamente em todo seu território, o transporte ferroviário peruano existe em todas as suas regiões, cruza por quase todas as cidades, mas também tem suas infelizes limitações e precariedades, sendo destinado apenas ao turismo. Por que isso? Seria um privilégio aos estrangeiros, que impulsionam a economia do país com suas moedas valorizadas? Não! Pois o deslocamento entre as estações é muito lento, obrigando os usuários locais, os mais necessitados, a optarem sem alternativa por meios mais ágeis, e nesse caso, mais automóveis entupindo as estradas e avenidas. 
Para maioria dos motoristas peruanos, a faixa de pedestres é apenas uma pintura de grafite na qual passam por cima e, testemunhando algumas de suas condutas nada exemplares, acredito que nem sabem o que ela representa. Após horas esperando para atravessar uma via, o indivíduo ameaça pisar nesse espaço, e corre o sério risco de ser buzinado e xingado, caso antes não seja gravemente atropelado ou arremessado metros adiante. Situação intolerável e um pouco diferente do que acontece no Brasil, que a passos bem curtos, mas já é um começo, adquiri o exemplar comportamento europeu de respeito e educação no trânsito. Pela quantidade de carros velhos e deteriorados nas áreas centrais, é possível perceber como é a renda salarial de grande parte da população peruana. Se não for isso, todos os proprietários desses automóveis entendem muito bem de mecânica, ou então esse importante serviço deve ser canibalizado demais e pouco valorizado, sendo barato e muito informal nesse país. Mesmo assim, os ônibus, logicamente com preços de passagens mais acessíveis, são excessivamente usados e o serviço é péssimo. Esse transporte coletivo de baixa qualidade em todos os requisitos, na maioria dos bairros são precários, enferrujados e caindo aos pedaços, a palavra certa é "remendados", e vivem lotados de passageiros, sem falar em sua enjoativa lentidão de locomoção. Outro ponto negativo, é a expressiva quantidade de animais abandonados nas ruas de todas as cidades peruanas, sem exceção. Lamento profundamente em dizer que poucos desses cães e gatos viverão por mais de três meses, e não preciso ser o pai da veterinária moderna para atestar isso, uma vez que basta olhar nos olhos ramelados do desprezado bicho e notar seu estado de acelerada enfermidade. Nesse caso, e tem cabimento, o direito básico a educação de conhecimento do povo - provavelmente, inacessível a eles ou por falta de vontade de própria - é bem inferior que sua elogiada educação de berço representada pela simpatia e boa receptividade que recebi por onde eu passei. É inadmissível, que em algumas cidades há concentração de lixo nas calçadas, quase que invadindo as estradas e atrapalhando a movimentação de veículos e pedestres. É falta de educação? Certamente! Mas a quantidade expressiva em um só ponto, demonstra o relaxamento da coleta seletiva de lixo.  
Um exemplo disso é que em alguns pontos mais críticos, é possível criar grandes rampas para prática do motocross. Ou não seria uma alternativa? Sim, isso foi um ironia, mas tem o mínimo fundamento ao observarmos a mórbida realidade comprovada pela foto ao lado, que não é exclusiva em Cusco e, principalmente, Juliaca, a minha mais nova indicação para ser cenário da série norte-americana The Walking Dead! Que bosta de serviço público é esse em que montes de porcarias acumulam nas calçadas? E quanto a necessidade de ter placas em locais públicos que alertem para "não urinar em locais públicos?" (ver imagem abaixo).  Eu mesmo vi tal ação lastimável ao testemunhar um pai ensinando seu filho a fazer isso em plena luz do dia. Lixo em lugares impróprios e cheiro de urina pelas ruas são dois fatos que contrariam um pouco a educação de berço peruana que elogiei anteriormente. Um ponto positivo, mas somente para os estrangeiros como eu que fiquei duas proveitosas semanas nesse país, é que tudo tem custos mais reduzidos. Ao contrário do que a população local reclama com muita razão, mesmo com os braços cruzados, pois deve sobreviver bravamente com um emocionante salário mínimo do mínimo. Para os turistas, com moedas valorizadas em relação a moeda peruana, a 'Nuevo sol", certamente tudo é menos custoso. É o oposto de um brasileiro passar alguns dias no velho mundo, a Europa, e nesse caso peruano, nós do Brasil somos os considerados europeus e gastamos sem hesitar com roupas diferentes e comidas a preço de banana. Ao longo de sua fantástica história, o Peru sofreu com terremotos que arrasaram algumas cidades, por isso, não é difícil notar nos estabelecimentos e principais pontos, a importante zona de segurança, criada caso ocorram abalos sísmicos ou na pior das hipóteses terremotos em alta escala. A comida do país servida em restaurantes e hotéis é muito parecida com a brasileira, composta pelo básico: arroz, macarrão, feijão, batatas, saladas, sopas, frangos e peixes. Mas é inegável que os diferenciados cozinheiros peruanos são capazes de aplicar temperos que dão um toque especial e mais saboroso nas refeições. 
Já o café oferecido nas estadias e padarias, é parecido com o asfáltico café servido na Argentina, ou seja, eles não gostam de usar coador. Por isso, é excessivamente forte pois o pó se acumula no fundo da xícara, sendo necessário utilizar a água quente que seria destinada ao chá, para melhor diluir a bebida cafeína. Para finalizar algumas de minhas críticas negativas, não é possível que as dependências internas do Aeroporto Internacional Jorge Chávez, localizado na província de Callao, não disponibilizam tomadas elétricas e bebedouros de água, e muito menos de assentos para os usuários aguardarem suas longas conexões aéreas. Por esse motivo, a péssima imagem de SERES HUMANOS deitados e abatidos nos corredores - inclusive eu muito cansado -, parecendo moradores de ruas, é uma marca registrada desse lugar muito mal administrado. Imaginem como se comportaria um deficiente físico ou idoso ... FIM .... Chega ao término, a principal saga de 2014 do portal Biblioram. Agradeço a todos por acompanharam ao Blog durante esse período e espero que tenham gostado das matérias. Não deixem de continuar acessando esse espaço. Até a próxima saga.
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 OS PERUANOS, SEGUNDO BIBLIORAM - PARTE 7 
 PUNO e os índios do Lago Titicaca 
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Nas águas do Lago Titicaca, o mais fundo do mundo, visitando as ilhas flutuantes dos índios de Uros
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POR RAMADAN PEREIRA ESPINDOLA
Professor de Kung fu/Wushu Shaolin do Norte da Associação Hasse de Cultura Oriental e Artes Marciais
Bacharel em Biblioteconomia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Formado em Administração pela  Faculdade Borges de Mendonça
Após mais de dez duradouras horas viajando de ônibus pelas rodovias peruanas e vendo muita pobreza, finalmente chegávamos na distante província de PUNO (ver imagem ao lado esquerdo) as 17 horas da tarde. Depois de ficarmos chocados com a aparência desoladora da cidade  de JULIACA que parecia um cenário utilizado para filmagens de Walking Dead (série norte-americana que aborda a realidade de um mundo dominado pelos zumbis), dormimos num hotel bem localizado no centro da capital, que também é chamada de Puno. Melhor localização foi impossível, pois estávamos numa rua principal que liga, numa distância de mil metros, até o trapiche central do célebre Lago Titicaca,  que é o mais fundo do mundo e o segundo mais extenso, e serve de divisa com outro país sul-americano, a Bolívia. Posso dizer que dormimos no coração da cidade, perto de todas as necessidades, e a poucos metros de bons mercados, confeitarias, estabelecimentos de diversos gêneros, inclusive uma loja de elétrica e eletrônicos onde eu comprei um adaptador de tomada de 20 para 15 amperes. Tal essencial objeto, recentemente adquirido, é algo que todo turista deve carregar em sua bagagem, pois as tomadas não são iguais em todos os lugares. A duas quadras dessa perfeita posição se encontra a Praça das Armas, onde está situado a bonita Catedral e o Palácio da Justiça. Puno, não é lá essa maravilha mundial em beleza arquitetônica e isenta de pobreza predominante, mas é percebível na face indígena e nos olhos de seus habitantes um pouco de crença, dignidade e simpatia. Nesses aspectos, o lugar se parece um pouco com a barrenta Cusco. Na manhã seguinte, fomos até o trapiche do Titicaca, e não tem como não notar o lamentável acúmulo de substâncias e materiais como garrafas, papéis, latas, e de tudo um pouco, boiando nessas águas tranquilas. Não perdemos tempo, e entramos numa escuna turística com percurso até as Ilhas Flutuantes de Uros, habitada por tradicionais famílias indígenas. 
A estrutura que sustenta essas fantásticas ilhas é composta por fortes raízes, que NÃO SÃO fincadas na terra ou no fundo do lago, elas apenas flutuam sobre a água. Para melhor entendimento, ela não é como a cidade italiana de Veneza, ou seja, caso o nível do Titicaca se eleve, não há inundação, pois a estrutura é considerada como uma simples 'bóia'. Ao pisarmos numa das aldeias, fomos bem recepcionados pelos índios peruanos que, anteriormente a nossa chegada, de longe nos acenávamos. Ali pudemos conhecer e viver, por mais de duas horas incríveis, a sua memorável cultura. Entramos em suas pequenas cabanas, vestimos suas roupas tradicionais, brincamos com suas crianças e ainda aprendemos muito sobre sua forma de viver e suas diversas manias. Além disso, antes da nossa despedida, eles se reuniram lado a lado para cantar, em diversos idiomas, dezenas de canções famosas de alguns países (não esquecer de ver o vídeo no final dessa matéria). Agora, sendo honesto e sem esquecer a dedicação e expressivo carinho desses acolhedores nativos, posso atestar que, indígenas de verdade são muito difíceis de encontrar nos dias atuais. Esses que nós convivemos por um curto período dessa manhã ensolarada, são índios que esforçadamente mantém a rica tradição de seus ancestrais. São descendentes que se comunicam facilmente - pois são alfabetizados - como qualquer cidadão desse país. Ao longo da história foram injustiçados e, em alguns países de todas as Américas, quase totalmente extintos? Certamente, e não discordo! Porém, não merecem ser tratados como pobres coitados, pois estão adaptados as necessidades de nossa atualidade, são felizes onde estão, e da forma que estão. Aliás, muitos deles entendem muito bem de dinheiro, principalmente quando a moeda é estrangeira ou saem das mãos de turistas. Um explícito exemplo disso, são as simples peças de artesanatos produzidas com as próprias mãos calejadas e comercializadas em suas cabanas pelo triplo do preço oferecido nas feiras espalhadas por todas as cidades peruanas das quais visitamos. 
Em suas simples dependências, o dinheiro gasto numa água mineral, era quase que possível almoçar em qualquer parte do país. Nessas horas, devemos separar bem o sentimentalismo do bom senso. É possível ajudar pessoas? Com certeza! Mas desde que haja sinceridade mútua, boa causa, ou apenas o generoso desejo de querer contribuir a quem te trata bem, e nós fomos muito bem aceitos na ilha de Uros. Antes de deixarmos esse lugar flutuante, fomos levados até uma ilha vizinha dentro de uma embarcação de própria fabricação indígena, que eles de forma brincalhona apelidaram de 'Mercedes Benz', (ver imagem de abertura dessa matéria). Minutos mais tarde, nos despedimos dessa valorosa experiência e navegamos por mais 45 minutos em nossa mesma escuna até a grande Ilha Natural de Taquile (ver imagem acima). Pisando lá, caminhamos por quase uma hora, em subida numa trilha a céu aberto, para depois almoçarmos uma sopa típica e um pescado delicioso com batata e arroz branco. Com uma vista frontal da linha do horizonte, e com música tradicional do país, desfrutávamos a deliciosa refeição e seus temperos. 
Das centenas de famílias residentes nesse lugar, algumas possuem aquecedores solares em suas casas, pois a energia elétrica é inexistente. Algumas moradias e estabelecimentos mais modestos e rústicos não possuem saneamento básico, e quando alguém usa o banheiro, é preciso jogar um balde de água dentro dos vasos sanitários. Isso comprova que o desenvolvimento não precisa chegar em determinados lugares, e isso é bom para quem busca o mínimo de tranquilidade. Mesmo com esse ambiente gostoso e pacífico de espírito, até nesse local isolado pelas águas do Titicaca, e a quase uma hora de navegação do centro urbano de Puno, é possível observar a disseminação da pobreza. A mendigagem marca presença em alguns idosos encapuzados sob o dia mais quente das últimas duas semanas. Da mesma forma, sofrendo com o mesmo clima quente, crianças implorando para que comprássemos alguns de seus objetos artesanais, como pulseiras e chaveiros coloridos. É de cortar o coração de qualquer ser humano que tem em si o mínimo de humanidade. Já era hora de partirmos. Não foi preciso retornar pela mesma trilha, pois nossa escuna estacionou num trapiche secundário e mais próximo. Retornamos ao centro de Puno após as quatro horas da tarde, quase que desmaiados na embarcação de tão cansados que estávamos. Já na movimentada e congestionada área central, entrei numa agência bancária para trocar cédulas de nuevo sol. O interessante é que os bancos ficam com as portas abertas até as dezoito horas. Depois, fomos conhecer a famosa Praça das Armas, como dito no início dessa postagem, localizada a duas quadras da nossa hospedagem. Nas proximidades, mais barracas de artesanatos onde compramos algumas roupas bem elaboradas e simples objetos. Na manhã seguinte, quando o sol acabara de surgir, deixamos a cidade as seis horas, em direção a Juliaca - já batizada por mim como 'zumbi city' ou 'zumbilândia' -, para finalmente iniciarmos o retorno ao Brasil. 
Durante esse trajeto até o Aeroporto Internacional Inca Manco Cápac, notamos que alguns extensos terrenos estavam cobertos pelo branco, pois chovera granizo na noite anterior em algumas regiões campestres. No aeroporto, antes de fazer o chek-in, todos os passageiros tiveram que abrir todas as bagagens, para que os oficiais locais verificassem com a próprias mãos todos os pertences. Mas que fique claro, foi necessário e houve bastante educação por parte desses profissionais. Isso foi indispensável, pois o sistema de monitoramento eletrônico que faz essa verificação automatizada, estava com defeito. Embarcamos num voo que nos levou até Callao, onde já tínhamos aterrizado pela primeira vez, nove dias atrás. Dessa vez, faríamos uma conexão muito demorada até Guarulhos e com término em Florianópolis. ..... continua .....
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ASSISTA AO VÍDEO: OS ÍNDIOS DO LAGO TITICACA
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 OS PERUANOS, SEGUNDO BIBLIORAM - PARTE 6 
 A pobreza escancarada até PUNO 
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Da rodovia em APU CHIMBOYA, a neve acumulada nas montanhas mais altas 
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POR RAMADAN PEREIRA ESPINDOLA
Professor de Kung fu/Wushu Shaolin do Norte da Associação Hasse de Cultura Oriental e Artes Marciais
Bacharel em Biblioteconomia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Formado em Administração pela  Faculdade Borges de Mendonça
Depois de realizar um dos sonhos da minha vida, conhecer uma das maravilhas do mundo, Machu Picchu, no início da tarde do dia seguinte, saímos da estação ferroviária da empoeirada URUBAMBA para, duas horas e meia de viagem até novamente chegarmos a conhecida CUSCO. O bom que, nessa segunda oportunidade de conhecer essa cidade, conseguimos aproveitá-la por mias uma tarde inteira. Mais tarde, nela pernoitamos, para uma transição na manhã seguinte até a província de PUNO, e aí, sim, nos despedimos de Cusco pela última vez. Nosso rumo programado foi pelas rodovias asfaltadas em direção a última e esperada etapa dessa cansativa saga, ou seja, era a vez de Puno, capital da província de mesmo nome. Todavia, antes dessa chegada, são dez longas e entediantes horas de viagem, proporcionando algumas coisas boas que foram vistas. Por outro lado, num debate com outras pessoas e, eu mesmo refletindo horas depois e com mais calma, isso gerou muitas controvérsias. Falo isso, pois testemunhamos muita pobreza, miséria nas ruas, falta de estrutura para socializar os habitantes da região, que no meu ponto de vista, é a mais pobre das regiões peruanas visitadas durante nossa permanência de nove dias nesse país sul-americano. Na extraordinária capital do país, Lima, como em qualquer outra grande metrópole do mundo é possível, sim, ver mendigos nas ruas implorando por dinheiro e comida, e outros absurdos que nenhum lugar estar completamente isento, e não adianta, os 'bobões' influentes dos meios de comunicação dizerem o contrário. Isso acontece em todos os cantos do planeta! Em Cusco, Machu Picchu e Urubamba essa quantidade de pessoas desacreditadas, aparentemente sem espírito, sem acesso a muitas necessidades básicas e pedindo esmolas aumenta consideravelmente. É lógico que isso não é surpresa, e não são fatos que eu nunca tinha testemunhado na minha vida, pois em todos países a mendigagem existe em menor ou maior proporção. Não sou totalmente cego ou ignorante! Mas no caso dessa transição inicial de Cusco à Puno, tivemos o pressentimento, já no início de um dia agradável e ensolarado, ao visitar as primeiras localidades afastadas das áreas mais desenvolvidas, que a situação começava a ficar muito preocupante diante de nossos olhares. Já nas cidades que antecedem Puno, começa o absurdo dos absurdos. 
Nota-se que não há mais limites para as falta de necessidades que os nativos dessas localidades sofrem na pele. Crianças com menos de nove anos de idade trabalhando sob sol forte e suplicando para os turistas comprarem algo, idosos em meio a mendigagem - mas muito idosos mesmos que não deviam estar ali, e sim, num asilo e tendo a supervisão de um médico (ver imagem ao lado esquerdo) - , e pobres animais como cães e gatos doentes e abandonados por toda parte. Pisar em pequenas cidades - se é que podem ser chamadas assim - como HUARO, a primeira visitação rápida desse dia, nos faz refletir como a América do Sul ainda possui uma imagem lamentável de disseminação da pobreza. Nesses lugares lembrados apenas pelo turismo e esquecidos pelos governantes dos país, nos dias de ventos ficam dominados pela poeira. Logo após visitarmos sua maior igreja católica, andamos por cerca de vinte minutos, e me deparei com um cachorro com pelo branco abandonado ao lado de outro muito magro, aparentemente morto e deitado na grama. Um preocupado membro de nossa equipe chegou bem perto do pobre animal, e para nossa felicidade ele se mexeu, porém meio que cambaleando nas próprias patas trêmulas, e certamente muito doente. 
Além de alguns pontos que merecem atenção pela importância da antiga história que representam, não há muita opção para se vê além de muita humildade e conformismo causados pelo abandono dos administradores públicos. Para os turistas americanos e europeus que nos acompanharam, o que salvou esse longo e exaustivo dia nessa extensa excursão, foram os restos arqueológicos do TEMPLO DE WIRAQOCHA (ver imagem acima). Ponto este com seus paredões de pedras, ou tijolos grandes, de aproximadamente cinco metros de altura, e alguns até sustentados por troncos e tábuas de madeira para não se renderem a um possível desabamento. Quando chegamos em PUKARÁ, outra cidade que não deveria ser assim definida, tivemos que caminhar uns trezentos metros até o Museu Lítico. Antes, fiquei encantando com uma linda e manhosa menina índia que, numa das janelas abertas de sua humilde casa de barro, nos observava andando pela estreita rua em sua frente. Chamei a atenção dela para uma fotografia, e ela abriu um belo sorriso radiante para mim (ver imagem abaixo). Sim, a simplicidade e humildade as vezes nos presenteia com bons momentos que não tem preço, e não há melhor presente ao turista do que isso. Saindo dali, alguns quilômetros depois, paramos para almoço num bom e solitário restaurante, localizado próximo a rodovia. A aparência ao redor é de um vasto deserto cercado por montanhas como plano de fundo. No interior do estabelecimento, um ambiente agradável, com direito a música nativa ao vivo. Um refeição saborosa, com cardápio bem variado, fora as carnes que eram basicamente peixes e frangos, mas tudo com temperos diferentes que eu não sei explicar o que é, mas garanto que não era nada excessivamente apimentado. Depois disso, uma parada de poucos minutos em APU CHIMBOYA, para fotografarmos as montanhas com neve acumulada em seus picos (ver imagem de abertura dessa matéria). Visual muito parecido com que presenciamos em Urubamba a Machu Picchu, todavia dessa vez elas estavam mais próximas, dando a noção que em algumas poucas horas caminhando poderíamos chegar até elas. Em seguida, sem mais interrupções, seguimos até Puno, mas sem deixarmos de notar os inúmeros cemitérios com túmulos de verdade as margens dos acostamentos de ambos sentidos da rodovia. Alguns bairros possuem rios rasos parecendo rogar por chuvas, e por isso, imagino que a região tem sofrido recentemente com as secas. É muito curioso ver pontes sobre um rio sem águas.
Cinquenta minutos atrás, tínhamos cruzado por dentro da área central de JULIACA, cidade onde está situado o recém reformado Aeroporto Internacional da Região Inca Manco Capac, que de acordo com a troca de informações entre turistas, já existe a mais de trinta anos. Pela importância que Juliaca representa na província de Puno, em certos momentos gera uma dúvida em relação a isso, pois as primeiras imagens chocam qualquer turista que por ali passa. Uma cidade sem o preto do asfalto, tomada pela poeira das ruas, descaso, e quantidade expressivas de lixos dividindo espaço com animais e mendigos perambulando sem rumo pelos acessos. Um cenário preocupante quase típico de filmagens de Walking Dead, desolador, de muita desordem nas ruas, dividindo espaço com imóveis residenciais e comerciais com aparência barrenta. Com base nisso, Cusco se torna uma metrópole. A estrada de ferro que liga até outras regiões, nos acompanhou por grande parte dessas dez horas de viagem. Tal via de transporte, em virtude de sua precariedade e lentidões dos trens, são apenas utilizada para fins turísticos. ..... continua .
Numas das estreitas ruas de Huaro

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 OS PERUANOS SEGUNDO BIBLIORAM - PARTE 5 
 MACHU PICCHU, ruínas e favelas na cidade 
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No alto da montanha, as ruínas de Machu Picchu, umas das maravilhas do mundo
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POR RAMADAN PEREIRA ESPINDOLA
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Prezado leitor, felizmente posso dizer com o entusiasmo quase orgásmico, que realizei mais um grande sonho da minha vida. Há anos eu estava querendo cumprir com esse ansioso desejo. Finalmente, conheci as históricas ruínas daquela que um dia foi chamada de cidade perdida de MACHU PICCHU, Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), e maior símbolo do respeitado império Inca. Confessando minha opinião pessoal, revelo agora que esse ponto turístico foi o maior motivo da minha ida ao Peru. Dessa vez, isento de dor de cabeça alfinetando a testa, e sem desconfortáveis ânsias de vômitos sentidas desde que pisei em Cusco. Na manhã mais saudável e revigorante desde as consequências oriundas do processo de adaptação à altitude de algumas regiões desse país sul-americano, deixamos o hotel em URUBAMBA para irmos até a organizada estação ferroviária que é o elo ao nosso sonhado objetivo. É uma pequena e tranquila viagem de trem com duração de 1 hora e 15 minutos. Durante o trajeto, as espetaculares imagens da neve acumulada nas montanhas mais altas (ver imagem ao lado esquerdo) é a grande atração para a quem nunca teve oportunidade de vê-la. A fantástica viagem entre essas paisagens montanhosas termina na estação localizada bem no centro de Machu Picchu, que pode, sem discriminação, num termo muito popular usado no Brasil, ser definida carinhosamente como 'favela' (ver imagem abaixo, ao lado direito). Exatamente isso, a pequena e agitada área urbana pode ser tão considerada MAIS ruína como o ponto turístico Inca, que é considerado uma das maravilhas do mundo. Podem ser vistos inúmeros cachorros abandonados vagando sem rumo entre as pessoas, crianças com menos de quatro anos de idade brincando sozinhas nas ruas e becos estreitos. 
A grande maioria das casas cobertas com telhados formados de telhas de amianto, sem a vida de pintura alguma em suas paredes externas, e um comércio repleto de camelôs improvisados que abrem suas portas todos os dias sem exceção. São essas as marcas a serem criticadas que classifico essa parte de uma cidade tão reconhecida por seu valoroso potencial turístico. Mesmo com essa aparência que divide opiniões positivas e negativas, há de se dizer o oposto dos habitantes que conheci durante minha curta estada de dois dias. São seres humanos humildes, simpáticos, honestos, muito acolhedores e carinhosos, e lembrando, que esse meu breve convívio foi do mais agradável, sem receio e inconveniências à se queixar. Para seguir até a cidade onde estão as históricas ruínas que explicam um pouco de uma civilização antiga, aos menos aventureiros recomenda-se entrar num ônibus para subir até lá. Aliás, somente esse transporte coletivo tem permissão para isso, e outros oriundos de serviços prestados nesse amplo conjunto de montanhas. É sem noção chegar na célebre cidade inca. Imagine, acompanhar quase ao seu lado alguém conduzindo um veículo com capacidade máxima para trinta passageiros sentados, por aproximadamente vinte e cinco minutos numa estrada semelhante a Serra do Rio do rastro, no Estado brasileiro de Santa Catarina (SC). E para piorar, essa estrada é totalmente de chão batido, e em sua grande parte ela se estreita, sobrando espaço suficiente apenas para um ônibus trafegar com cautela. É um acesso com intermináveis curvas e sem segurança alguma. Aí, me resta indagar: Será que o encanto do lugar seria perdido se estruturasse esse acesso asfaltando-o e dando mais segurança aos visitantes? Caso um condutor perca o controle de seu veículo, é queda livre na certa, ou seja, como tratam-se de transportes coletivos, seriam dezenas de vidas provavelmente perdidas. Tudo em virtude da falta de iniciativa e má vontade política do governo peruano que certamente arrecada muito dinheiro com essa visitação turística. 
Outra alternativa mais econômica para ingressar ao ponto, é com as próprias pernas, utilizando as escadas numa trilha que ignora as curvas do trajeto, ou seja, a subida é em linha reta, e apesar de mais curto o caminho, é preciso ser um trilheiro encarnado, bem preparado fisicamente e com muita força de vontade. Chegamos lá muito agasalhados, já acostumados, com a baixa temperatura do resto do país. Para lembrar, estávamos em pleno inverno peruano, todavia, pelo incrível que pareça, mesmo na altitude considerável de 2400 metros de Machu Picchu, nas tardes desses últimos dias predominou um acentuado calor fora dos padrões dos dias passados. Foi aconselhado o uso de protetor solar, bonés, chapéus, lenços, óculos ou qualquer outro tipo de acessório para evitar queimaduras de pele, menores que pudessem surgir. O uso de repelentes contra insetos também foi muito recomendado pelos guias. Por causa dessa temperatura invertida, que surpreendeu muita gente, deixamos o excesso de nossas roupas como blusas de lã, jaquetas e casacos no guarda-volumes do parque para que pudéssemos, com maior comodidade, conhecer o ponto turístico. Quanto as antigas ruínas, é de lamentar que apenas 30% delas sejam originais, mas o que importa a todos os visitantes que ali estavam, é que um dia a muitos anos atrás tudo esteve ali, e  que ali foi o lugar disso tudo, sendo possível imaginar o que foi tudo aquilo. 
A cada parede de pedras delicadamente restaurada há uma fantástica história e um motivo especial a contar, sem falar nos visuais panorâmicos proporcionados por cada ponto visitado e admirado pelas lentes dos fotógrafos (ver imagem acima). Sem dúvida, é para esgotar sem dó, nem piedade o cartão memória das máquinas fotográficas e dos aparelhos celulares. Na volta, ao recolhermos nossos pertences no guarda-volumes, um grande susto: nos devolveram o volume de outro visitante. Durou alguns poucos minutos de suspense e aflição para resolvermos o infeliz impasse e o atendente, felizmente, encontrar o volume correto. Ainda bem que ninguém levou, por engano, nossas roupas. Após esse mal entendido, encaramos uma longa fila de visitantes, felizes e ao mesmo tempo cansados, que se estendiam em pé por mais de duzentos metros de comprimento. Eram três horas da tarde, calculei ter umas quinhentas pessoas nesse local aguardando os ônibus subirem para retornarem, sem dúvida, lotados. Lembram do que falei dessa arriscada estrada de chão batido de uma serra que se estreita? Por diversas vezes, o responsável motorista de nossa condução teve que pisar no freio e parar, inclusive, conduzir delicadamente em marcha ré, para que outros ônibus que subiam pudessem passar e vice-versa ( ver imagem ao lado esquerdo). A descida é preocupante demais, levantou alguns bons suspiros dos passageiros, e em algumas curvas sinuosas chega a causar um certo medo, gerando a ligeira impressão de estarmos num bondinho. Sãs e salvos, almoçamos na educada companhia de um casal colombiano, natural da cidade de Bogotá. Pessoas boas, simpáticas, pacientes com o meu 'portunhol', e que confessaram o imenso desejo de conhecer o Brasil.
Depois nos dirigimos ao hotel para descansarmos por algumas horas, antes de visitar o comércio de camelôs. A noite, nessa humilde cidade possui várias possibilidades para diversão e diversas opções de comidas típicas. Com tantas alternativas, acabamos por jantar uma simples pizza de pollo (frango). A noite é possível dormi ao som rio. ...... continua .....
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 OS PERUANOS, SEGUNDO BIBLIORAM - PARTE 4 
 OLLANTAYTAMBO 
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Ollantaytambo, a única cidade Inca do Peru ainda habitada 
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FOTOS DE KHEILA AMORIM ESPINDOLA. Clique nelas para melhor visualizá-las.
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POR RAMADAN PEREIRA ESPINDOLA
Professor de Kung fu/Wushu Shaolin do Norte da Associação Hasse de Cultura Oriental e Artes Marciais
Bacharel em Biblioteconomia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Formado em Administração pela  Faculdade Borges de Mendonça
Observando as humildes residências de barro e sob a enjoada poeira de PISAC, retomamos nosso rumo por uma rodovia asfaltada que leva até a montanhosa província de URUBAMBA, onde passaríamos o resto da ensolarada tarde e, também, dormiríamos a noite. O ponto de parada seguinte, é um dos mais procurados pelos estrangeiros, OLLANTAYTAMBO, a única cidade da era Inca do Peru, que ainda está habitada. Durante a ida, apreciando a paisagem pelo vidro de nosso veículo contratado, notamos uma linha ferroviária ativa que acompanha paralelamente a sinuosa estrada que nos levou até nosso próximo objetivo do dia. Encostadas a essas vias de acesso, a imagem entristecedora de vilas podres, algumas construções em andamento, animais abandonados aparentemente cansados, até pequenos porcos sendo criados soltos pelos quintais sem cercados. Esses bichos, por instinto, as vezes arriscam a própria vida vagando bem próximos a rodovia, que não é assim tão movimentada, mas atrai um grande números de veículos turísticos dependendo do horário. Diante de todo esse aparente desleixo e comodidade, a sensação que senti desde minha saída de Cusco, é que cada vez mais em direção ao final dessa nossa saga peruana, a pobreza das cidades visitadas e a humildade de seus habitantes aumentava em relação as cidades anteriores. Passando isso, as altas regiões montanhosas são monumentais atrações, um aperitivo para fotógrafos antes de chegar a Ollataytambo. Uma dessas empinadas chapadas proporcionou o registro, mesmo não sendo o mais belo, porém, o mais inacreditável e curioso de toda essa aventura. Poucas pessoas foram avisadas sobre a existência de um inimaginável hotel de vidro, de longe parecendo comprimidos gigantes transparentes, com três dependências, construído no alto de uma montanha de pedra que calculo, a olho nu, ter aproximadamente 600 metros de altura (ver imagem acima). Prezado e ilustre leitor, você conseguiria numa altura dessa, fechar seus olhos e dormir numa espécie de varandão 100% translúcido? Provavelmente se conseguisse, acordarias assustado! É como tirar uma soneca flutuando entre as nuvens. 
Chegando na histórica Ollantaytambo, os veículos se dispersam do asfalto, pois é preciso trafegar cautelosamente por uma servidão estreita de calçamento de pedras, bem piores que paralelepípedos, que tremulam irritadamente as rodas dos carros e ônibus. Haja Amortecedor. Depois, os acessos secundários são de chão seco batido, que levanta uma quase tempestade de areia importuna. Sim, o índice pluviométrico é baixíssimo na região e em muitas outras do país. Por esse motivo, a poeira chata que entranhou nas minhas narinas e orelhas, é uma das marcas registradas desse lugar. Como em todo local turístico visitado durante essa saga, lá estavam elas, as adoráveis Lhamas e as Alpacas, e também as dezenas de barracas de feiras de artesanatos sempre marcando presença. Infelizmente, nesses pontos de vendas, são pouquíssimas as novidades entre as de mesmo gênero que frequentamos em todas humildes cidades do Peru. Posso, de forma talvez exagerada, definir esses improvisados estabelecimentos como se fossem franquias de vários donos autônomos que compram de um mesmo fornecedor, e logicamente, com uma administração bastante informal e amadora. O primeiro ponto arqueológico a ser conhecido é no morro principal, uma escadaria muito 'punk' para subir e super larga, chamada de 'terraço', usado pelo antigos Incas para o devido plantio. No alto, em seu término, a esquerda, uma pedra enorme, afamada como Templo do Sol, que segundo investigação de pesquisadores era iluminada num determinado período do ano pela famosa constelação do Cruzeiro do Sul, e esse seria o real causa dela ter sido colocada exatamente ali por parte da antiga nação Inca que ali residia. 
Justamente, desse incrível local panorâmico, há uma bela vista dos grandiosos paredões de pedras que cercam as pobres residências que compõe essa clássica cidade (ver imagem acima). Nessa mesma visão espetacular, observando o lado esquerdo da grande montanha (ver imagem de abertura dessa matéria), há imagens impressionantes arqueológicas que representam duas faces humanas, e outros indícios a serem pesquisados. Deixando a célebre cidade e essa grande evidência da colonização de um antigo povo, e em seguida sermos conduzidos em nossos veículos por uns dez quilômetros na mesma estrada que nos trouxe, almoçamos num bom restaurante, as margens das correntezas do famoso Rio Urubamba. Esse estabelecimento de boa aparência serviu um farto buffet com comidas típicas peruanas com temperos exclusivos desse país. Nos fundos do amplo terreno desse estabelecimento, um gramado bem cuidado sortido com várias espécies de lindas plantas onde, sempre elas, as tradicionais Alpacas e as Lhamas estavam pastando. Elas estão por toda parte. Retornamos ao hotel minutos antes de um anoitecer fresco e encantador, e foi suficiente para percebermos no alto das montanhas mais altas, a presença de neve em seus picos. Essa é a primeira vez, mesmo de longe, que pude ver esse fenômeno rotineiro no Peru, e que é raríssimo surgir em poucas regiões do Brasil. Para minha grande sorte, essa imagem maravilhosa apareceu frequentemente no dia seguinte quando entrei num trem em direção a realização de um desejo pessoal, a sonhada Machu Picchu, o principal motivo dessa viagem. 
Nessa véspera da realização do sonho, antes mesmo do retiro para o quarto eu estava sem o mínimo de sono para cansar os olhos. Me obriguei a sair da hospedagem pois o sinal da internet Wi-fi estava péssimo. Caminhei alguns metros as margem da rodovia principal até entrar numa simples mercearia para comprar água mineral e alguns utensílios. Ao sair dela, no outro lado da estrada uma espécie de posto com serviços elétricos e fornecendo energia, tipo "caso precisem ligar ou carregar algum aparelho, nós temos tomadas com energia". Curioso!. ..... continua
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 OS PERUANOS, SEGUNDO BIBLIORAM - PARTE 3 
 PISAC, parte do Vale Sagrado dos Incas 
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Sítio arqueológico de Pisac, a primeira parada de nossa equipe no Vale Sagrado dos Incas
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FOTOS DE KHEILA AMORIM ESPINDOLA. Clique nelas para melhor visualizá-las.
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POR RAMADAN PEREIRA ESPINDOLA
Professor de Kung fu/Wushu Shaolin do Norte da Associação Hasse de Cultura Oriental e Artes Marciais
Bacharel em Biblioteconomia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Formado em Administração pela  Faculdade Borges de Mendonça
Depois de uma excelente noite de sono, pois precisávamos em virtude de nossas terríveis primeiras horas de sofrimento gerado pelos efeitos da temida, e agora sentida, altitude de CUSCO, já estávamos um pouco mais saudáveis e motivados a seguir em frente. A falta de ar ainda predominava e a alfinetante dor na cabeça já não existia mais. Todavia, uma tímida ânsia de vômito ainda ameaçava com alguns pequenos refluxos. Mesmo assim, chegou a hora de deixarmos essa acolhedora cidade, e nos dirigirmos em direção ao célebre VALE SAGRADO OS INCAS. Para isso, uma prova para quebrarmos um tabu, subir pelos mesmos e temerosos 4500 metros de altitude, que no traumático final de tarde do dia anterior tínhamos bravamente alcançado, e que nos trouxe consequências tão desagradáveis a nossa saúde. O caminho tenebroso para o famoso Vale, nosso esperado objetivo, passou por ali. Depois, seguimos somente por algumas descidas na estrada, com muitas curvas e paisagens magníficas de residências humildes construídas em barro entre as enormes montanhas. Primeira parada foi rápida e essencial para respirarmos um pouco mais de ar puro que não fosse do interior do veículo. Nessa primeira interrupção do dia, foi uma visitação a uma espécie de pequeno zoológico de animais símbolos do Peru, entre eles a Lhama e a Alpaca, que já tínhamos tido o imenso prazer de suas presenças em Saqsayhuaman. Só que dessa vez, tivemos um tipo de aula de divino conhecimento teórico sobre suas origens, cruzamentos genéticos, e os importantes valores desses animais para o povo e a economia do país. Além disso, foi saudável essa diversão de estarmos bem pertinho desses mansos bichos - que as vezes, por instinto inocente, cospem por hábito nas pessoas que delas se aproximam - a ponto de alimentá-los com plantas verdes (ver imagem ao lado esquerdo). 
Saímos dali, percorremos alguns quilômetros para registrarmos imagens maravilhosas, de acordo com nosso competente guia, de parte das Cordilheiras Oriental dos Andes (ver imagem abaixo). Ali, voltamos a notar a movimentação em massa de motos-táxi bem diferentes dos que existem nas cidades brasileiras. Aparentemente, esses simples transportes peruanos são bem mais seguros que os de mesmo gênero brasileiro, por parecerem triciclos com cabines fechadas. Em seguida, nos dirigimos em direção a discreta PISAC, uma das cidades mais humildes do Peru. Estradas de chão batido, muita poeira, e uma ponte recém construída, pois a antiga foi levada violentamente por um raríssima e volumosa chuva torrencial que trouxe muitos outros prejuízos para região. Na pacata cidade, entramos numa loja bem ajeitada de uma fábrica de objetos de prata, itens estes com custo muito alto. Nas proximidades, uma feira de artesanato com preços bem mais acessíveis e vendedores esforçados e munidos de todos os argumentos de vendas possíveis. Conversando com os nativos ao longo da viagem dessa manhã, observando a paisagem montanhosa e suas vastas e sortidas plantações, notá-se que essa cidade do interior é muito rica no cultivo da "papa", conhecida popularmente no Brasil como batata. O milho é outro alimento de destaque por sua grande produção. 
Ambos podem ser colhidos em centenas de espécies diferentes, inclusive, quando estávamos em Cusco já tínhamos notado variedades curiosas no comércio do centro, entre elas, o milho preto. Na mesma feira de artesanato, que começa ao lado de um mercado público, chamado de "Mercado de Abastos de Pisaq", ao fazer compras de alguns objetos, fui surpreendido por ser presenteado com um pequeno apito de madeira, retribuição de uma simpática vendedora. Atitude agradecida que me deixou muito contente e demonstra o estampado carinho que um povo trabalhador tem por estrangeiros, independente de suas nacionalidades. Nesse lugar da cidade, registrei algumas imagens curiosas, e a que mais chamou a atenção, não só minha, foi de uma linda criança com seu cabelo liso amarrado, inicialmente encabulada com a minha presença repentina, sentada sobre as costas de um cachorro pardo de rua que estava deitado próximo a uma mesa. Depois entramos em nosso veículo contratado, e seguimos ao sítio arqueológico dessa cidade (ver imagem de abertura dessa matéria). Chegando lá, além das extensas ruínas, o mais interessante nesse lugar são as centenas de buracos constantes num paredão. De acordo com as informações colhidas por historiadores peruanos, durante a civilização inca, corpos eram inseridos nesses locais como múmias. Posso garantir que até o final desse dia ainda sentíamos falta de ar e cansaço com essas simples atividades, mas numa intensidade bem menor. .............  continua....... 
Um típico Moto-táxi peruano, muito encontrado nas cidades do interior como Cusco e Pisac

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 OS PERUANOS, SEGUNDO BIBLIORAM - PARTE 2 
 Dor de cabeça e ânsia de vômito: Os efeitos da altitude 
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Uma das vistas da capital de Cusco. No fundo a Avenida do Sol, uma das principais do centro
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FOTOS DE KHEILA AMORIM ESPINDOLA. Clique nelas para melhor visualizá-las.
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POR RAMADAN PEREIRA ESPINDOLA
Professor de Kung fu/Wushu Shaolin do Norte da Associação Hasse de Cultura Oriental e Artes Marciais
Bacharel em Biblioteconomia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Formado em Administração pela  Faculdade Borges de Mendonça
Antes mesmo das quatro horas da manhã, saímos do bem localizado hotel no Distrito de Miraflores, e dentro de nosso veículo observamos pela última vez, de perto, as águas do Oceano Pacífico. Deixamos a província de Lima, capital do país, para embarcarmos no mal administrado Aeroporto Internacional Jorge Chaves, na província de CALLAO. Uma hora e meia de voo até o pouso no Aeroporto Internacional Alejandro Velasco Astete, em CUSCO, a província com maior potencial turístico do PERU. Nessa vasta região, vimos uma nova realidade social, bem diferente da capital peruana. Antes de recolher a bagagem, precisei ir ao banheiro, e lá percebi que não era o único que estava sofrendo com fortes cólicas, pois todas as cabines reservadas aos vasos sanitários estavam, pelo incrível que pareçam, sendo usadas por outras pessoas. Não foi fácil esperar. Seria esse, tão ligeiramente como um raio, o primeiro indesejado efeito da temida altitude em território peruano? Chegamos no hotel, localizado no centro da capital que também se chama Cusco. A primeira impressão é a supremacia da imagem barrenta da cidade, que se parece bastante com Puno (que será abordada em próximas postagens). O visual que transmite em sua arquitetura é que a aplicação de revestimentos como chapisco e o reboco ainda não foram descobertos pelos profissionais da construção civil. Acredito, que pelo fato da extensa província obter um baixo índice pluviométrico - segundo informações de nossos guias e habitantes com quem conversamos -, eles mantém as paredes externas de suas residências e apartamentos - exceto alguns estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços - sem nenhum revestimento, ou seja, apenas nos tijolos (veja imagem abaixo). 
Até o excelente hotel onde nos hospedamos por dois dias não era rebocado pelo lado de fora, porém as áreas internas, as confortáveis suítes, e outros ambientes, aparentavam um excessivo luxo para quantidade de 'estrelas' que o define. Outra coisa que reparei em Cusco, e não há como não notar, é a enorme quantidade de lixos acumulados e arremessados nas calçadas e ruas, sem falar nas centenas de cães e gatos abandonados. O dia que não se pisasse em 'cocô' de cachorro, não era um dia normal. Na província da capital do país, Lima, já tinha percebido uma quantidade de animais sujos, sem donos e vagando sem rumo pelas ruas, todavia, Cusco superou o cúmulo dos absurdos, a ponto de por onde eu passar não notar um Pet Shop estabelecido. Para combater a altitude, na recepção da estadia, logo nos ofereceram xícaras contendo doses de chá de folhas coca (ver segunda imagem dessa postagem, ao lado esquerdo), popularmente chamado de 'Mate de Coca', famosa bebida típica da região. De acordo com nossos adoráveis hermanos peruanos, esse chá contribui para adaptação à altitude que na cidade histórica é de no mínimo 3800 metros acima do nível do mar. Não é balela, ou desculpa esfarrapada de time de futebol brasileiro quando joga em países como este, ou até mesmo em regiões específicas da Bolívia. Esse fator incomodável realmente interfere bastante no bem estar e no rendimento dos não acostumados, ou seja, na maioria estrangeiros. As primeiras duradouras 48 horas é um pesadelo infernal, a pior sensação que um ser humano possa absorver, e isso será contado a partir de agora. Nesse primeiro dia, com muito sol, mas não muito calor, foi o pior momento da nossa saga peruana. A adequação a altitude foi lenta, uma tortura interior nunca sentida por mim, e prejudicou o humor de toda nossa brava equipe, inclusive de outros turistas sul-americanos e europeus que se aglutinaram na excursão. 
Sentíamos falta de ar até quando simplesmente conversávamos. Eu andei lentamente do início ao fim da Avenida Del Sol, uma das principais acessos da área central, onde a predominância da aparência barrenta dos imóveis se reduz relativamente. A cada dez metros caminhando, era preciso reeducar a respiração. Eu era forçado a parar e encher um pouco os pulmões com ar. Primeira parada foi no Museu de Sítio Del Qorincancha que se situa no subterrâneo de um espaçoso gramado, exposto ao sol, manchados com fezes de animais. Ao meio-dia, pisamos na frequentada Praça das Armas, e almoçamos numa rede de fast-food, que já tínhamos encontrado em Lima, a peruana 'Bembos' que, só vendo para acreditar, possui em seu cardápio diversificado um Hamburger carnudo complementado com feijão vermelho saboroso. Após isso, fomos ao Convento de Santo Domingo, para depois regressarmos novamente a Praça das Armas e visitar a grandiosa Igreja da Companhia de Jesus, que me dá nojo em falar sobre ela, por causa da quantidade de riquezas, tesouros prateados e dourados expostos em suas altas paredes. 
Em seguida, num micro ônibus fomos até 3800 metros de altitude a procura dos pontos turísticos que mais interessam aos visitantes, em virtude de seu potencial arqueológico.  Se as alfinetantes dores de cabeça já estavam péssimas, durante a procura desses locais históricos elas ficaram insuportáveis, pois cada vez mais estávamos em regiões mais altas. A cada passo, parecia que pontas de lanças eram espetadas contra a testa. Mas o empenho, e a luta contra os cruéis efeitos dessa altitude, nos presenteou com imagens espetaculares. Nessa altura, em relação a cidade de Cusco, foram vistos um dos mais belos pontos turísticos dessa saga, como a fortaleza inca de Saqsayhuaman (ver as duas imagens acima), que nos recompensa com a extraordinária vista de final de tarde de algumas montanhas (ver imagem acima) e uma panorâmica de toda cidade. Nesse lugar tranquilo, caminhando pelas gramas quase que totalmente amareladas, tivemos a agradável companhia de Lhamas e Alpacas (imagem abaixo), animais que são praticamente símbolos do Peru e podem ser vistos, também em menor quantidade, até em centros urbanos. 
Ao retornarmos, para desejo da maioria dos visitantes que estavam enjoados com a atmosfera do local, alguns integrantes da nossa equipe, e eu me incluo nisso, continuávamos sentido contínuas dores na testa, e pior, seguidas com crises de vômitos antes mesmo de chegarmos no hotel. Alguns turistas vomitaram em sacolas plásticas e dentro de seus veículos contratados. Muitos acomodando suas cabeças nos bancos e janelas, quase que desmaiando. Foi nojento, horrível, mas estávamos no mesmo 'barco' e nos colocamos no lugar deles, pois nossa situação também não era das melhores. Já no quarto da hospedagem, depois de alguns revezamentos cama-vaso sanitário, uma desejada noite com a cabeça relaxando no travesseiro e bem dormida era tudo que eu precisava, e que bom que isso veio a acontecer. Foi uma dádiva! No dia seguinte, as malditas dores passaram, mas uma tímida ânsia de vômito me preocupava até em tomar o simples café da manhã com pão integral seco. Eu já estava até culpando as varias doses recomendadas de chá de coca engolidas no dia anterior, tanto que não fui mais capaz de ingeri-lo novamente até o ultimo dia em que permaneci em território peruano. Depois de quatro dias, após visitarmos Machu Picchu e Urubamba, retornamos a Cusco para que num dia seguinte encarássemos dez horas de viagem até a província de Puno. Nessa segunda e curta passagem em Cusco, mais adaptados a altitude, aproveitamos para conhecermos ainda o Museu Histórico Regional e o Museu de Arte Contemporânea. ...... continua ... 
Na movimentada Praça das Armas, em frente a Igreja da Companhia de Jesus

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 OS PERUANOS, SEGUNDO BIBLIORAM - PARTE 1 
 LIMA, seus distritos, e o patriotismo nas ruas 
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No alto do Distrito de Miraflores, de frente para águas geladas do Oceano Pacífico
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POR RAMADAN PEREIRA ESPINDOLA
Professor de Kung fu/Wushu Shaolin do Norte da Associação Hasse de Cultura Oriental e Artes Marciais
Bacharel em Biblioteconomia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Formado em Administração pela  Faculdade Borges de Mendonça
Prezado leitor, começa a partir de agora a primeira de várias matérias de um super desafio que despertou a curiosidade da corajosa equipe Biblioram. Essa mais recente saga foi intitulada como "Os peruanos, segundo Biblioram" e contará semanalmente como foi a passagem de dez dias de nosso portal a um importante país da América do Sul, o PERU. E começa nas próximas frases a esperada primeira parte. Depois de um grande mal-entendido para localizar nosso bendito local de check-in no Aeroporto Internacional de Guarulhos, Estado de São Paulo (SP), o voo decolou lamentavelmente com quarenta minutos de atraso, em direção a província de LIMA. A viagem aérea durou exatamente cinco horas até o Aeroporto Internacional Jorge Chavez, em CALLAO, província vizinha a capital peruana. Desembarcamos tranquilos, e por recomendação de pessoas especializadas em turismo e conversões de moedas, ali mesmo no aeroporto (local onde há mais segurança na troca de moedas estrangeiras, principalmente o dólar americano) vendi meus valorizados dólares adquiridos no Brasil para comprar a popular 'nuevo sol', moeda peruana em vigor. Por causa do fuso horário atrasado, chegamos no hotel muito cedo, as 10:30 horas no horário desse país. Nesse caso, no Brasil seria 12:30 horas, ou seja duas horas mais tarde. Só podíamos dar entrada na hospedagem após as 13 horas. Então, decidimos deixar nossas poucas bagagens no depósito da estadia, para que pudéssemos ganhar mais tempo explorando um pouco de alguns interessantes distritos de Lima. Antes de continuar abordando essa aguardada fase inicial em território peruano, é essencial explicar a questão dos distritos. Eles são como prefeituras municipais no Brasil, e possuem administradores chamados de 'Alcaldes'. Estes tem o poder de prefeitos e são eleitos pelo povo. 
Aliás, nesses dias que estivemos nessa ampla nação, as campanhas eleitorais estavam tomando conta das ruas de todo o país, pois em outubro seguinte serão eleitos por voto popular os 'Alcades' de cada distrito. Retomando meu relato, o que pude perceber nas ruas, residências e prédios desses distritos, é o enorme sentimento de patriotismo exposto nas bandeiras de cores vermelha e branca hasteadas com orgulho. A cada esquina, essa enjoada presença é muito marcante (ver imagem acima, ao lado esquerdo), o que me fez lembrar há quatro anos atrás quando estive na terra de nossos hermanos, a Argentina. Para minha tristeza, no Brasil, nunca vi uma expressiva demonstração de amor a pátria que não fosse em época de Copa do mundo de Futebol, ou outro expressivo evento esportivo. Outro ponto positivo é a demasiada simpatia do povo peruano em querer ajudar as pessoas, e a paciência deles com os estrangeiros é uma qualidade elogiável. São simples, simpáticos e receptivos. Para se deslocar em Lima, a melhor opção de transporte é o táxi, e se estiverem em companhia de duas ou mais pessoas, praticamente é possível percorrer a toda a grande província sem gastar muito dinheiro, e foi assim que se movemos nessa capital do país. Utilizamos um desses transportes para irmos até o Distrito de SAN IZIDRO, centro financeiro Lima. Os ônibus são uma opção muito mais barata, todavia, além de precários, grande parte deles em circulação, são desconfortáveis e lentos demais. Nesse distrito, visitamos a sede da Peru Soka Gakkai Internacional - PSGI - (ver imagem acima), um organização budista fundada no Japão. 
Durante o percurso, num trânsito lento em algumas vias, pude escutar no rádio do táxi, um relaxante para os ouvidos de qualquer simpatizante do estilo rock n' roll, 'Let it be' uma das canções de maior sucesso da lendária banda de Liverpool, os Beatles, na voz de Paul Mccartney. A partir desse momento, comecei a notar e admirar o excelente gosto musical dos peruanos. Na PSGI, encontramos vários membros nativos e até uma acolhedora turista praticante que chegara há alguns dias do Japão. Quase uma hora depois, deixamos o local, e adiante, próximo ao prédio da embaixada tailandesa, as calçadas das ruas cedem seu espaço para muitas árvores, e algumas que chamam muita a atenção pelo seu enorme tamanho (ver imagem acima). Na mesma rua, entramos num amplo supermercado com cafeteria e restaurante, onde fizemos nossa primeira e necessária refeição em solo estrangeiro. Percebi que nesses tipos de estabelecimentos comerciais dessa parte da província, são praticados alguns cuidados na higiene e organização dos produtos. Os 'panes', conhecidos popularmente por nós brasileiros como 'pães', são diversos e bem mais saborosos e macios, tanto que é possível comê-los sem nenhuma pasta ou creme. 
Apesar do trânsito caótico e congestionado por motociclistas - em sua maioria sem capacetes - muitos outros automóveis antigos, deteriorados, e sem condições de circular pelas ruas, notá-se que Lima não está completamente com as portas fechadas para o mundo e a globalização. Quando eu almoçava, observei algumas franquias do Burger King, Pizza hut e Mcdonalds e outras que ainda, acredito, nem se estabeleceram no Brasil, como a peruana Bembos, que na minha opinião é melhor que as três anteriormente citadas. Todas presentes a poucos metros entre elas. Após isso, andamos por mais de duas horas até o MIRAFLORES, Distrito onde está situado o hotel onde nos hospedamos. Foram alguns quilômetros de caminhada agradável, até mais do que prevíamos, tendo como principal vista o Oceano Pacífico (ver imagem de abertura dessa matéria). Sobre esse mar grosso, mesmo na época de verão intenso, não é propício para banhistas, em virtude da baixa temperatura dessas águas. Apenas os 'colhões roxos' como pescadores e surfistas com suas roupas especiais tem coragem de desafiá-lo. De San Izidro até Miraflores há dezenas de espaços abertos e vastos parques gramados com muitos ambientes de lazer para todos os públicos, entre eles: quadras esportivas, parques de diversão e mirantes para voos de parapentes. 
Além de lanchonetes, bancas de revistas, pontos de informações e pistas de skates, é possível acessar a Internet gratuitamente sem precisar realizar qualquer tipo de cadastro. É conectar, sem senha e acessar! Esse serviço fundamental nos dias atuais, presente nos principais espaços públicos da cidade, e no caso do Miraflores, dividindo espaço com a presença de muitas espécies de árvores e disponível há centenas de metros acima do nível do mar.  Realmente, Lima não está fechada para o mundo, aliás em alguns fatores até arregaçada em excesso. No dia seguinte, logo pela amanhã, notamos um animal - que não foi possível identificar com precisão, mais parecia ser uma espécie de macaquinho - andado pelos fios e postes da Avenida José Larco. Depois continuamos nosso caminhada até uma feira de artesanato muito indicada aos turistas, e descobrimos o que significa a sempre presente 'Zona de Seguridad' (ver imagem acima). Trata-se de um lugar mais seguro para as pessoas procurarem em momentos de ocorrências de abalos sísmicos, ou na pior da hipóteses, terremotos em alta escala. Essas marcações de "segurança" estão indicadas em inúmeras partes de todas as cidades do país, principalmente em estabelecimentos fechados e espaços abertos. 
Essa nação sul-americana tem um histórico de terremotos, sendo o último e mais devastador ocorrido no inesquecível ano de 1974, segundo informações de nossos guias. Depois nos dirigimos a procura da segunda e a mais Moderna Biblioteca Nacional do Peru, e pela primeira vez tivemos um pouco mais de acesso a esse tipo de unidade de informação federal. Ao lado dessa instituição está situado o grande edifício do Ministério da Cultura, onde fotos chocantes e históricas, que revelam os trágicos resultados de um movimento terrorista ocorrido entre os anos de 1980 a 2000, estavam sendo expostas no Museu de La Nácion (acima, uma delas). Das janelas desse mesmo prédio, há uma bela imagem, que não faz parte dessa elogiável exposição fotográfica. Trata-se da visão do edifício do Ministério da Educação, a poucas quadras dali, que chama bastante atenção pelo sua arquitetura muito sugestiva e inovadora que representa o formato de livros empilhados (ver imagem ao lado esquerdo). Por falta de tempo não fomos visitá-lo. Durante a tarde, nos dirigimos até a Casa Aliaga com seus móveis e quadros antigos, e depois no arquitetonicamente belo Palácio Presidencial, residência oficial do Presidente da República. Não conseguimos nos aproximar de seus altos portões de ferro, pois a Plaza maior, localizada em frente, considerada como o quintal do palácio, estava cercada por forte esquema de segurança, que previu indícios de uma ameaça manifestação popular que supostamente ocorreria. Munidos até com tanques negros da guarda nacional (ver imagem abaixo), o ambiente entre população curiosa e policiais preparados era um pouco tenso. Mesmo com essa preocupação, nos mantivemos nas proximidades, e visitamos a famosa Catedral de Lima e, ao lado, o ponto mais marcante desses primeiros dias na província: uma extraordinária biblioteca com aparência antiga nas dependências internas do Monastério de San Francisco de Assis, da qual fui impedido de fotografá-las. 
Regra que me fez lamentar por muitos dias, pois nunca observei uma unidade de informação como esta. Para ter noção do que quero narrar, até a poeiras nos livros e nas estantes pareciam estar preservadas e intactas. Infelizmente, essas raras e magníficas imagens estão apenas gravadas na minha memória. No subterrâneo desse lugar, onde presenciei alguns claustrofóbicos come medo de entrar, há criptas, algo que amenizou minha depressão, onde constam incontáveis ossadas e crânios humanos organizados num fundo de um poço. Mesmo proibidos, conseguimos fotografá-los sem que notassem (ver imagem abaixo). Na madrugada seguinte, já estávamos com as bagagens prontas para seguirmos até a cidade de CUSCO, capital da província de mesmo nome. Uma realidade social bem diferente da capital peruana que será contada nas próximas matérias. Não deixem de acompanhar o blog. Todavia, nossa jornada em Lima ainda não tinha terminado, pois oito dias depois, retornamos para uma longa e exaustiva conexão que nos levou ao Aeroporto de Guarulhos/SP. Até o embarque de nosso voo no Aeroporto Jorge Chavez, seria uma espera de onze duradouras horas, ou seja, metade de um dia. Um desperdício de tempo, e pensando de outra forma, até desumano ficarmos no aeroporto aguardando, sem o mínimo conforto. Quando falo em 'mínimo', e formalizo aqui uma reclamação aos administradores, é que nesse aeroporto não há assentos de espera para os usuários, nem bebedouros de água, e muito menos tomadas elétricas, bem diferente de Guarulhos, que possui até acesso gratuito a internet. 
Isso é lastimavelmente inadmissível, para um aeroporto internacional. Por causa disso, e observando centenas de pessoas entregues ao cansaço nos corredores parecendo moradores de rua, ficou difícil de me juntar a eles assim tão cedo e por tanto tempo. Então, indaguei em meus pensamentos: o que não tínhamos conhecido em Lima durante nossos primeiros dias? Lembrei de dias atrás, quando acabara de pisar na cidade de Cusco, o amigo e músico Marcelo Peixoto, baterista da extinta banda OsBerbigão, me sugeriu por uma rede social a ida ao Museu do OuroFoi então que efetuei, uma ligeira pesquisa pela internet para conseguir endereço, contatos, valores de ingressos e outras informações cabíveis para adentrar nessa instituição. Coloquei a localização na mão de um taxista que me levou até lá pelo trânsito intenso de Callao até a capital. O fantástico museu está localizado no distrito de SURCO, no Bairro Monterrico. Para minha surpresa, felizmente, as portas de entrada, o 'carro abre-alas' dessa instituição, é de outra, o Museu das armas del mundo, que comporta o maior acervo de armamentos antigos e derivados que já pude ver com meus olhos. 
Na minha opinião, essa instituição é mais interessante que o Museu do Ouro, que também não merece ser desmerecido. Nesses locais, que pertencem a Fundação Miguel Mujica Gallo (imagem ao lado), ficamos um pouco mais de uma hora e meia.  É impossível ficar menos tempo do que isso, acredito até que permaneci pouco apreciando suas repletas salas de acervo que parecem um labirinto. Depois da visitação, retornamos ao aeroporto de Callao, e pelo caminho, notamos a grandeza da embaixada dos Estados Unidos da América (EUA). Chegando nas redondezas do aeroporto, após sairmos do táxi que nos conduziu, e pagarmos a corrida, o taxista foi abordado por policiais militares peruanos num dos portões de entrada. Em todo o Peru, há uma grande informalidade nos serviços de táxis, tanto que a maioria dos taxistas não utilizam o aparelho de taxímetro em seus carros de trabalho. A cobrança pelas corridas são negociadas antes da entrada do usuário no veículo. Nos locais como rodoviárias e aeroportos, por exemplo, apenas alguns desses condutores tem permissões para ali permanecerem e exercerem suas atividades. Os não autorizados podem até entrar, desde que não sejam notados pelas autoridades fiscalizadoras ou dedurados por seus concorrentes. E esse foi o motivo da necessária, porém, exagerada abordagem policial. Entramos no aeroporto cinco horas antes da nossa conexão, e dividimos espaço com outras pessoas cansadas e sentadas num dos extensos corredores do piso superior. ......... continua ..... na segunda parte é a vez de CUSCO. Não deixem de acompanhar.
Imagem interna de uma das salas de acervo do Museu das Armas del Mundo
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