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CORUPÁ e a Rota das Cachoeiras Capital catarinense da banana
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Nos trilhos de Corupá/SC, a estação Hansa como a ferrovia ainda estão ativas
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FOTOS DE KHEILA AMORIM ESPINDOLA. Clique nelas para melhor visualizá-las.
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POR RAMADAN PEREIRA ESPINDOLA
Professor de Kung fu/Wushu Shaolin do Norte da Associação Hasse de Cultura
Oriental e Artes Marciais
Bacharel em Biblioteconomia da Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC)
Formado em Administração pela
Faculdade Borges de Mendonça
Com o feriado de 21 de abril numa segunda-feira - dia de Joaquim José da Silva Xavier, mais conhecido como Tiradentes - complementando outro feriado religioso, a Sexta-Feira Santa, o final de semana da Páscoa ficou bem mais comprido. Ou seja, foram dias irrecusáveis que motivaram a equipe Biblioram a ingressar novamente nas estradas catarinenses. E assim aconteceu. Saímos de nosso habitat natural, "a terrinha", São José, Estado de Santa Catarina (SC). Percorremos primeiramente 165 quilômetros pela Rodovia Federal BR-101 até o município de Araquari/SC para uma parada estratégica no tradicional Posto Sinuello. Depois seguimos mais 50 quilômetros até nosso ponto final, a modesta CORUPÁ/SC. Essa cidade da região norte catarinense, possui uma população estimada em 14 mil habitantes, de acordo com o próprio site da Prefeitura Municipal. Além disso é vizinha a Jaraguá do Sul/SC, Rio Negrinho/SC e São Bento do Sul/SC. Nossa mais recente missão, foi encarar a famosa Rota das Cachoeiras, localizada na imensa Reserva Particular do Patrimônio Natural Emílio Battistella, distante 10 quilômetros do centro da pacata cidade. Infelizmente, trafegamos preocupados pela Rodovia Federal BR-280, que deve ser a única no Brasil que possui guardrails de matos que cobrem até as enferrujadas placas de trânsito. Por alguns instantes, dissertando aflito e ironicamente, pensei de forma exagerada que atropelaria alguma hiena, pantera, girafa, ou algum filhote de gorila ou dinossauro fugido da mata. Onde está a atitude da Policia Rodoviária Federal que não contrata alguém para roçar a selva que invade a estrada? Chegamos ao nosso destino, um pouco antes do meio-dia, e almoçamos no próprio hotel onde pernoitaríamos no anoitecer seguinte. Após o lisonjeiro almoço, com um céu nublado, temperatura agradável, e muita vontade humana, focamos nosso objetivo e nos dirigimos até a vasta Reserva. No caminho, é impossível não notar o amplo potencial em águas da região, e que a tranquila Corupá é sem dúvida a Capital Catarinense da Banana. São alguns quilômetros de estrada de chão batido - plana, digo a verdade - com inúmeras plantações compostas por bananeiras jorrando cachos em cada lado da estrada (ver imagem abaixo, ao lado direito) O cultivo dessa fruta também invade os morros ao redor. Lá chegando, é preciso abrir a mão, deixar de ser pão duro, e comprar um ingresso de R$ 10,00 (dez reais) que pode ser adquirido num camping familiar nas proximidades, e que também possui um restaurante.
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O valor arrecadado dessas cobranças é destinado a preservação e segurança da reserva, para poder estacionar os veículos, e ainda usufruir de outros serviços adicionais como: Água potável, banheiros, chuveiros, churrasqueiras, espaço para alimentação, piqueniques e etc... Abastecido com garrafas com água e armados com equipamentos fotográficos e filmagens, demos início a esperada aventura. O que posso falar dessa longa rota é que possui diversas dificuldades por grande parte de seu difícil caminho ser muito íngreme e lameado em virtude do vapor d'água produzido pelas correntezas e suas quatorze belas cachoeiras. Isso mesmo, quatorze! Sendo a primeira chamada de 'Suspiro'. A cada duzentos metros percorridos é possível se deslumbrar com cada uma delas e seus córregos encantadores. Não tem como se perder, o caminho é um só, os trechos em sua maioria são largos, bem sinalizados e munidos de informações sobre a flora e a fauna local. Nesses quesitos, os administradores do lugar estão de parabéns. A cada cem metros há placas indicando o quanto resta para conclusão dos 2900 metros até a principal atração, a espetacular CACHOEIRA DO SALTO GRANDE, que recebe as águas límpidas do Rio Novo escorridas pela Serra do Mar e abastecendo todas as outras elegantes cascatas da rota. Essa beldade, impressiona todo mundo por sua enormidade. Segundo minhas pesquisas, sua queda d'água possui 125 metros de altura, isto são 6 metros a menos que outra obra da natureza, a Cascata Caracol de Canela, no Estado do Rio Grande do Sul (RS).
Mas no visual, confesso que tenho dúvidas relacionadas a precisão dessa informação. É a uma das mais altas queda d'água que pude presenciar até então (ver segunda imagem ao lado esquerdo, e perceba o círculo em vermelho para ter noção de sua altura). Na minha análise, os únicos momentos de periculosidade que a trilha pode proporcionar são os tombos, em geral, oriundos do desgaste físico das pessoas. Por isso, os principais cuidados para concluir com segurança esse grande desafio são: 1) Paciência é primordial. Inicie a aventura pela manhã, com isso sobrará tempo para intervalos de descanso da musculatura do corpo. 2) O uso de calçados fechados com bom solados é uma sugestão, pois é inadmissível o que presenciei: várias 'patricinhas' e 'mauricinhos' desinformados subindo com sandálias de tiras e calçados 'rasteirinha'. Aí só restam a eles reclamarem. 3) Levar consigo água e lanches, mesmo que a administração do local não permita, mas cabe responsabilidade e consciência ambiental de cada usuário em não denegrir o patrimônio ecológico que continua explicitamente preservado por ali.
Conforme já dito, ser paciente é o ponto chave, pois até os 2000 metros inciais, as ladeiras acima predominam e exigem muito das pernas, tanto que no dia seguinte senti muito os músculos das panturrilhas. Pontes de madeira (conforme imagem acima) favorecem a travessia sobre a correnteza. Escadas de madeiras, e algumas de pedras, são acompanhadas por corrimões que facilitam a subida de pontos que antes, eu imagino, eram de duras escaladas. A calma dos trilheiros, principalmente nas descidas em pontos mais úmidos e lisos, pode evitar os escorregões e consequentemente danos físicos. Na volta o que tinha de pessoas arrependidas usando galhos de árvores como bengalas e muletas - pois torceram os pés - foi uma grandeza. Nos últimos 600 metros, é possível ouvir o barulho da última e esperada, a chamada Salto Grande. A partir desse momento, o grau de dificuldade reduz consideravelmente com o caminho ficando mais plano e ausente de subidas e descidas empinadas. Só faltava chover, e isso aconteceu quando chegamos no final, diante da maior cachoeira da trilha, a maior recompensa que um trilheiro poderia ganhar após exatamente 2 horas de caminhada. Ela é maravilhosa! (Basta ver o vídeo de autoria de Biblioram no final dessa matéria) Mesmo com chuva, o retorno foi realizado num bom tempo, 1 hora e 40 minutos. Depois dessa tarde cansativa, nada melhor que um relaxante banho quente, seguido de um café da tarde e terminando em uma boa noite de sono na hospedagem. No dia seguinte, um domingo de páscoa, após um café da manhã 'show de bola', arrumamos nossas bagagens e deixamos o hotel. A ideia era voltarmos para casa. Mas antes, e não poderia faltar, registramos imagens interessantes próximo ao abandonado e caindo aos pedaços Hotel Krelling, ao lado dos trilhos da centenária estação ferroviária Hansa que corta a modesta cidade (ver primeira imagem dessa matéria). Após isso, furamos nosso planejamento e forçados pela curiosidade cruzamos o Bairro Ano Bom para seguirmos até a localidade de Braço Esquerdo, em São Bento do Sul/SC, a poucos quilômetros da divisa com Corupá. Prezados leitores, excesso de curiosidade pode tirar a vida de gente metida, e vocês vão saber do que estou falando.
Braço esquerdo é uma bairro sossegado e afastado da urbanização com pequenas cachoeiras e fracas correntezas. É um charme de lugar, e por isso todo mundo enche a boca para falar dele. E por tanta gente falar, e continuar falando, não podíamos desperdiçar a oportunidade de visitá-lo. O ponto principal dessa recém-criada missão era encontrarmos a famosa CAVERNA. Todavia, nossa tentativa foi frustrada, e por muito pouco não perdemos nosso veículo. Quem sabe, na pior das hipóteses poderíamos nos machucar gravemente, e isso pois não quero ser dramático em mencionar que podíamos ter corrido riscos de vida. Não houve temporais nos dias anteriores, mas tinha chovido finamente por quase toda noite anterior, mesmo com pouca intensidade, e a estrada que leva até essa caverna ficou escorregadia. Nosso carro subia, mas eu sentia que ele escorregava um bocado, ou seja, não estava confiante numa estrada que estreitava a cada metro percorrido. Por precaução, nossa equipe decidiu unanimemente não seguir em frente, e retornar. Porém, tive que fazer isso de ré, pois o caminho é estreito e não permite a realização de manobras para fazer a volta no carro. E o pior, saindo da pista não há proteção alguma nas laterais, os chamados guardrails, ou seja, fora do traçado é queda morro abaixo e só os deuses sabem onde pararia o carro. "FERROU, e agora?", foram minutos de muita tensão, restando pouco para o desespero. O c$%$ apertou de verdade. Porém, tive tranquilidade em descer vagarosamente, mesmo com os pneus do veículo ameaçando derraparem a cada menor freada que fosse. De marcha ré retornamos na 'manha da aranha' por uns 300 metros até encontrar um bendito e salvador recuo para fazer a volta e descer normalmente com o carro de frente. Apesar do alívio, pela primeira vez, ficou a sensação de frustração por não ter concluído um objetivo. Após isso tudo, poderíamos ter subido com as próprias pernas cansadas do dia anterior, e levaríamos mais tempo, e provavelmente conseguiríamos.
Todavia, depois de todo ocorrido e com as canelas ainda tremendo, pensamos: "Já estávamos no lucro. Deixemos o entusiasmo para outro dia, e retornaremos com mais informação sobre o local". Aliás, toda essa ocorrência foi fruto da maldita curiosidade que desviou nossos planos. Não fomos a bela Corupá por causa disso, e sim para conhecer a espetacular Rota das Cachoeiras. Mas em outra oportunidade visitaremos a famosa Caverna de Braço Esquerdo. Isso é uma promessa! Palavra de Biblioram! Ah, não deixem de ASSISTIR O VÍDEO, para terem noção do que é a Cachoeira Salto Grande!
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CACHOEIRA SALTO GRANDE. ASSISTA O VIDEO
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